16 janeiro 2014

Os bons negócios de sempre, ou a mudança estrutural na economia portuguesa





Passou despercebida a publicação das listagens das maiores empresas portuguesas e o que elas revelam sobre a estrutura da economia. Não devia. Porque mostra o que há de fantasia no discurso das “mudanças estruturais”.
Tomemos o exemplo de uma das revistas que produz essa série com maior continuidade, a Exame. Em finais de 2013, publicou os dados sobre as 500 maiores empresas atuando em Portugal, referentes ao ano anterior (o que pode ser consultado aqui, se se registar).
Os dados são esclarecedores:
1) 78 das 500 maiores empresas estão em quatro grandes sectores: são 27 na distribuição de combustíveis, 28 na água, eletricidade e gás, 18 na distribuição alimentar e 5 nas telecomunicações.
2) O maior volume de negócios é o da distribuição de combustíveis (19,7 mil milhões), seguido dos sectores energéticos (17,8), da distribuição alimentar (11,9) e das telecomunicações (5,9).

3) Juntas, estas empresas representam cerca de 45% do volume de negócios de todas as 500.
4) O seu volume de negócios equivale a um quarto do PIB nacional.
5) O seu nível de endividamento, como o das 500 maiores, é superior a 50%.
Ou seja, o poder de controlo dos grandes mercados de produtos de consumo é decisivo na economia portuguesa, em larga medida suportado por importações. Esses mercados são controlados por poucas empresas (e num caso, só por cinco). Os outros sectores produtivos, todos juntos, são praticamente equiparáveis ao volume de negócios destes sectores chave.
A economia portuguesa do ajustamento estrutural é dependente de importações, tem uma estrutura concentrada e beneficia deste poder de mercado. Estamos na mesma ou pior, porque se perdeu tempo.

2 comentários:

  1. Este comércio, este comércio de potência.
    Este cumprir o básico dos básicos: lar, gásol, luz e telefone. Este órgão onde se instalam - os oligarcas, os mandantes para consumidores mandados.
    O aproveitamento do giro motorizado, a fraca integração vertical das atividades que é a pirite de ferro dos açambarcadores. As compras por grosso então. Bota - perdigota, tudo se confere numa bolsa de valores.

    Se querem Patrimónios: atirem-se a estes. E lá que tá o sentir estratégico.
    Only Rita talks better http://www.youtube.com/watch?v=8OlaoCExhS4

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    1. que é a pirite (de ferro) dos açambarcadores. estão todos no seu mercado core. não pensam em mais nada. tanto individualismo. e tanta também que é a informação de mercado. Homens: mãos à obra. Não deixem que a Rita leve a melhor. E também se levar: que mal isso tem ?

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