29 janeiro 2014

Os deliciosos lucros da saúde privada

Se os números deixassem dúvidas, a prosápia esclareceria tudo: nos prospectos da sua promoção de venda de acções, o Grupo Espírito Santo Saúde respira confiança e anuncia que 54% das suas receitas são pagas pelo Estado. Através dos serviços de saúde para funcionários públicos (30% em 2013) e do Hospital Beatriz Ângelo, público como não podia deixar de ser, mas parceria público-privado para gáudio do Grupo. Com isto, são quase 9000 funcionários (um rácio de eficiência dos serviços prestados que é pior do que o do serviço nacional de saúde).
A facturação diz tudo: o Grupo Espírito Santo faz 341 milhões de euros (mais de metade pago pelo Estado, lembre-se) e o Grupo Mello, o principal operador de saúde privada, faz mais 451 milhões. Juntos, têm 14 hospitais. E esta enorme condescendência do Estado, que lhes paga o financiamento e a actividade.

Ora, sem a mão e a carteira do Estado, a saúde privada não existia. Não tinha clientela, não tinha apoio, não tinha rentabilidade. Ou para ser ainda mais óbvio: se o Estado usasse os recusos do serviço nacional de saúde para responder à procura, em vez de pagar serviços desviados para os privados, estes fechavam as portas. E o Estado poupava o desperdício.

1 comentário:

  1. isto é o que se chama um Estado assistencialista em Portugal . o problema é que falhou ali a revolução da CUF - cometeram-se excessos
    acho que é esses empórios deviam era ser todos nacionalizados e os agentes pagos em cash

    ResponderEliminar