22 fevereiro 2014

Falta de água pode atingir os 80% na Europa do Sul


No passado mês de Janeiro foi publicado um estudo que modela os possíveis impactos das alterações climáticas sobre os recursos hídricos. Para um cenário de um aumento médio da temperatura global em 3,4ºC até 2100, em relação ao período entre 1961-1990, os resultados mostram que a Europa do Sul será a zona mais afetada. Na Península Ibérica, sul de França, Itália e Balcãs, os caudais podem ser reduzidos em 40% e os períodos de déficit hídrico podem atingir os 80%. Estes efeitos serão exacerbados por efeito do crescimento populacional e o aumento do uso de água para a agricultura e industria.

Crescentes secas, dificuldades de abastecimento público e prejuízos económicos serão várias das suas consequências, com efeitos severos para os segmentos populacionais mais desfavorecidos. Estes dados alertam-nos, mais uma vez, para a necessidade de ter uma gestão criteriosa da água e limitar as alterações climáticas com políticas ativas que obrigam a repensar o modelo de desenvolvimento económico que temos. Uma economia virada para o lucro e a competitividade é incompatível com uma gestão ambiental cuidadosa e a satisfação das necessidades básicas das populações. A planificação pública com participação popular de que economia queremos é vital para proteger recursos naturais e garantir qualidade de vida sem discriminação social. Isto implica repensar como produzimos e consumimos energia, alimentos, habitação, transportes, etc, etc.

Os efeitos de um capitalismo voraz sobre as condições ecológicas e sociais é evidente na China, onde parte do segredo do crescimento económico baseia-se na expansão agrícola, urbanização e de infra-estruturas sem tomar em conta os recursos ambientais em que se sustenta. Com 1/6 da população mundial, a China tem apenas 6% das fontes potáveis disponíveis. Um sistema elétrico assente em barragens, nucleares e no carvão consome parte significativa dos seus recursos hídricos. 11 das províncias com maior escassez de água albergam 510 milhões de habitantes e contribuem para metade do seu PIB. Mesmo que avancem os planos de proteção das zonas húmidas, de aumento do preço da água ou de construção de transvases das áreas férteis para as mais áridas, estes são apenas paliativos que adiam o problema ou podem mesmo causar mais desigualdades sociais. As causas de base são as do modelo da economia, não outras.





1 comentário:

  1. Cara Rita, estou a preparar uma tese de mestrado sobre o impacto das alterações climáticas no balanço hídrico de uma zona especifica do território Português, gostaria muita de ter acesso ao estudo que refere. será possível publicar aqui a referencia do mesmo e/ou um link web. Obrigado.

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