20 fevereiro 2014

Se não deu por isso, eles andam por aí: o Black Rock no Espírito Santo


A notícia é discreta: o Black Rock tornou-se o quarto maior accionista do BES. A gestora de participações do grupo é o primeiro accionista (35,3%), o Crédit Agricole, velho aliado, é o segundo (10,8%), a Silchester International Inverstors é o terceiro (5,7%) e logo depois vem o Black Rock. A PT tem 2,1%. Foi uma compra rápida: em outubro de 2013 comprou 2%, agora reforçou a sua posição para 5,12%.

O Black Rock não é um banco, é muito mais do que um banco. Administra directamente 4 triliões de dólares de ativos, mais 11 triliões através da sua plataforma, Aladdin. Ou seja, dirige 7% de todos os ativos financeiros mundiais. É o maior accionista de metade das 30 maiores empresas do mundo, como se regista na listagem que segue.
É o accionista dominante no Citigroup, Bank of America, JP Morgan Chase. Comprou parte do Merrill Lynch e do Barclays. É dominante na Apple. Está na Microsoft e no Google. Está na Shell, na Chevron, Petrochina. Na Berkshire, na General Eletric, na Nestlé, na Walmarte e na Roche. Dirige 170 grandes fundos de pensões.
Dirigida por Larry Fink, que em 1986 escapou por pouco a uma falência, foi criada em 1988 com a preocupação de evitar risco excessivo: saiu a tempo do mercado hipotecário, antes do colapso do subprime. Mas, não sendo um banco, representa unicamente os seus investidores, e portanto uma lógica de rentabilidade de curto e médio prazo, sem estar submetido à regulação bancária.

A subida do valor das acções do BES, apesar do seu imbróglio angolano, tem sido apontada como a causa do interesse destes fundos de investidores internacionais, que, no total, já ultrapassam o peso accionista da família dos fundadores do banco. Aí estão eles, com poder reforçado. A banca portuguesa está a mudar muito depressa e, numa década, mudou e continua a mudar de mãos.

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