06 abril 2014

Norte-americanos prontos a declarar tréguas na “guerra às drogas”


Uma sondagem do Pew Research Center publicada a 2 de abril confirma que na última década os norte-americanos aceleraram a mudança da sua perspetiva sobre a política de drogas (ver timeline desde 1969). Se em 2001, 47% da população concordava com as leis que acabavam com as prisões por posse de drogas e 45% estavam contra, a sondagem deste ano aponta para 63% de aprovação contra apenas 32% de reprovação.
Um dos dados mais surpreendentes revelados na sondagem é a convicção de três quartos dos inquiridos (tanto apoiantes como adversários da legalização) de que a legalização da canábis irá acontecer mais cedo ou mais tarde. Ela revela também que as declarações de Obama à New Yorker são partilhadas pela grande maioria: 69% acreditam que o álcool é mais perigoso para a saúde do que a canábis legalizada.

Questionados sobre se a canábis devia ser legalizada, 54% dos mais de 1800 inquiridos responderam que sim, enquanto 42% defenderam que deve permanecer ilegal. A sondagem foi feita mês e meio depois do arranque da legalização no Colorado. Dois terços dos inquiridos defenderam ainda que o Estado deve focar esforços no tratamento da toxicodependência com cocaína ou heroína, enquanto apenas 26% defenderam centrar atenções na repressão aos consumidores.

Outra sondagem publicada pela revista Law Officer teve como universo mais de 11 mil polícias municipais, estaduais e federais, na maioria com mais de 15 anos de serviço. 37% defenderam que a posse de canábis devia ser legalizada, enquanto 33% apoiaram o atual regime. Ao contrário da resposta da população ao inquérito do Pew Research Center, a esmagadora maioria dos polícias (86%) apoia a perseguição vigente contra os consumidores de outras drogas como a cocaína, heroína, metanfetaminas, etc.

Há poucos dias, os deputados do estado de Maryland aprovaram a descriminalização da posse até 10 gramas de canábis, que passará a ser punida com multas progressivas de 100 até 500 dólares, o valor a pagar pela terceira multa e seguintes. E esperam conseguir poupar aos cofres públicos mais de 100 milhões de dólares, tendo em conta que todos os anos 23 mil pessoas eram presas e acusadas por ter pequenas quantidades de canábis em seu poder. A descriminalização do consumo também ficou mais perto na capital norte-americana, quando o mayor de Washington DC assinou a lei que passa a punir com multas de 25 dólares a posse até uma onça (28,3 gramas) de canábis.

Segundo a Drug Policy Alliance, mais de 1,5 milhões de pessoas são presas por delitos relacionados com drogas, 80% dos quais apenas por posse. A organização diz que esse é o caso de 55 mil norte-americanos atualmente em prisões estaduais por posse de estupefacientes.


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