11 abril 2014

[PUB] Esse País também é nosso, emigramos mas não desistimos


Esta importante iniciativa pode ser consultada aqui.

«Em Portugal, as pessoas passam tempos difíceis. Todos conhecemos situações de vidas destruídas pela crise e pelos cortes dos últimos anos. Ao contrário das promessas, o país ficou pior depois da troika, com mais desemprego e dificuldades para quem precisa de trabalho para viver. A União Europeia tornou-se uma fábrica de austeridade, que só produz mais pobres, desempregados e desunião entre os países. Esse caminho do empobrecimento, seguido de forma fiel pelo governo português, não apresenta qualquer esperança para quem permanece em Portugal.

Longe do país, queremos continuar a fazer parte da solução para os seus problemas. 

Partimos, uns antes, outros depois de uma crise que não foi criada por nós nem pelos nossos. Com percursos, experiências e idades diferentes, encontrámos fora do nosso país a oportunidade que nele nos foi negada. Desde logo, um projecto e um horizonte de vida dignos desse nome. Muitos de nós pertencem à geração mais qualificada de sempre, uma formação conseguida com muitos sacrifícios, pessoais e familiares, mas também com o investimento de todos nos serviços públicos de educação. Um percurso que chocou contra a parede do desemprego e da precariedade. Somos também dos que partiram sem ter podido estudar, empurrados de um país incapaz de garantir um apoio social a quem mais precisa. Hoje, todos somos emigrantes de um país a saque.



Pedro Passos Coelho afirmou que o desemprego pode ser “uma oportunidade”, que sair da “zona de conforto” é uma necessidade em tempos de crise. Esta crise tem sido, de facto, uma grande oportunidade para os bancos que se salvaram com os dinheiros públicos, para as grandes empresas que impuseram mais cortes salariais e precariedade, para os grupos que se aproveitaram das privatizações ao desbarato de bens públicos. As 120 mil pessoas que anualmente partem de Portugal, muitas sujeitas a trabalhos mal pagos e com poucas condições nos países que as recebem, são o reverso desta medalha. Resgatá-las é a necessidade de quem acredita numa alternativa. A austeridade que mata a economia é uma opção política dos governos e da troika.


As eleições europeias do próximo dia 25 de Maio representam uma oportunidade única para colocarmos em xeque o poder do campo austeritário. O desafio de uma insurgência cidadã, que teve expressão nas grandes manifestações contra a troika, pode e deve vencer a política do medo. Quem o afirma é Alexis Tsipras, candidato a presidente da Comissão pelas esquerdas europeias (Syriza, Die Linke, Front de Gauche, Izquierda Unida, Bloco de Esquerda): “o resultado político da mobilização dos cidadãos frente à obscura Europa do neoliberalismo e da austeridade joga-se, em grande parte, nas próximas eleições europeias de Maio. As condições políticas podem e devem mudar com o voto dos cidadãos, para que termine de uma vez por todas o austericídio”.



Podemos dar um primeiro passo. O passo de votar, de exercer esse direito conquistado e escolher a alternativa que se ergue contra a austeridade e o garrote da dívida. Esse passo é o primeiro de um regresso ao país que, num dia de abril, quis ser dono de si. Um país que é nosso e que queremos de volta. Não desistimos.

SUBSCRITORES






Gabriela Ruivo Trindade – Escritora, Londres (Reino Unido)



João Bacelo – Investigador Científico, Natal (Brasil)



Cristina Semblano – Economista, Paris (França)



Nuno Fonseca – Auxiliar de limpeza, Zurique (Suíça)



Rita Calvário, Bolseira de Investigação – Barcelona (Espanha)



Miguel Franco – Estudante, Empregado de Hotelaria, Londres (Inglaterra)



Catarina Príncipe – Berlim (Alemanha)



Ricardo Sá Ferreira – Sociólogo, Bruxelas (Bélgica)



Rodrigo Rivera – Analista de suporte técnico na Exxon Mobil, Curitiba (Brasil)



Nuno Casimiro Vaz Silva – Técnico de projetos europeus, Marselha (França).



David Alexandre Batista Pinho – Designer gráfico, ilustrador, Phnom Penh (Cambodia).



Claudia Ribeiro – Bolseira de Investigação, Constança (Alemanha)



Ângelo Ferreira de Sousa, Artista visual, Tradutor – Paris (França)



Diana Balona, Instrutora (Coach) Catering – Off To Work, Londres (Reino Unido)



José Luís Sousa Silva – Ajudante de Carpinteiro, Bordéus (França)



João Brites – Arquiteto, São Paulo (Brasil)



Mariana Santos – Investigadora, Durham (Reino Unido)



Hugo Miguel Rodrigues Dias – Investigador, Campinas, São Paulo (Brasil)



Mariana de Sá Ricca Manadelo Ferreira – Investigadora, Zurique (Suíça)



Karina Matias – Estagiária no Conselho da Europa, Strasbourg (França)



Paulo Manuel Seara – Trabalhador por conta de outrem, Edimburgo (Escócia)



Miguel Nuno Macieira Guimarães – Arquiteto, Berlim (Alemanha)



Ana Júlia Filipe – Arquiteta, Curitiba (Brasil)



Mário Jorge Pessa Costa – Arquiteto, Munique (Alemanha)



José Borges Reis – Sociólogo Londres (Reino Unido)



Óscar Silva – Ator, São Paulo (Brasil)



Dalila Teixeira, Communication Adviser – Bruxelas (Bélgica)


Carina Moutinho – Produtora Teatral, São Paulo (Brasil)





Carolina Mano – Estudante, Maastricht (Holanda)

Sem comentários:

Enviar um comentário