04 junho 2014

Os "distúrbios" de Tiananmen aconteceram há 25 anos

O porta-voz do ministério dos negócios estrangeiros chinês respondeu aos jornalistas que "há muito que governo chinês chegou a uma conclusão sobre os distúrbios dos anos 80", mostrando que a versão oficial do regime Chinês sobre Tiananmen é Orwelliana. 

Mas 25 anos depois do massacre é preciso recordar, até porque para o PCC Tiananmen não existiu.





Na Primavera de 1989 começaram as manifestações populares depois da morte de Hu Yaobang, Secretário Geral do Partido Comunista Chinês afastado por ser considerado demasiado liberal pela linha dura do partido. Os estudantes marcharam e reuniram-se na Praça de Tiananmen, de luto e em protesto contra a corrupção no PCC e por liberdade de imprensa, liberdade de expressão e controlo popular da indústria. Democracia.

Os protestos continuaram e alargaram-se por toda a China a mais de 400 cidades depois da greve de fome dos estudantes iniciada a 13 de maio. Semanas depois juntava-se um milhão de pessoas na praça.

De início o regime escolheu não responder aos protestos e negociar com os estudantes, mas a 20 de maio a linha dura do regime impôs a lei marcial, mobilizando 300 mil tropas para Pequim. A 1 de junho Li Peng enviou um documento ao Politburo sobre a "verdadeira natureza da agitação", onde classificava os manifestantes de terroristas e contrarevolucionários.

A 3 e 4 de junho de 1989 o movimento foi reprimido com a máxima brutalidade, numa operação montada e pensada com antecedência para servir de exemplo. Foram mobilizados aviões, tanques e milhares de homens da polícia e do exército para reprimir a "agitação" "contrarevolucionária".

A 5 de junho os estudantes tentaram reganhar a praça, mas foram recebidos rajadas de metralhadora. Foi também nesse dia que um homem desarmado enfrentou os tanques tipo 59.

Não se sabe quantas pessoas morreram, mas o próprio regime assumia a 6 de junho mais de 300 vítimas. Há quem defenda que foram milhares.

Nas semanas seguintes o regime realizou uma purga, afastando todos os que tinham ajudado os protestos e detendo os líderes.

25 anos depois do massacre continua a censura sobre o que se passou naquela Primavera. O regime esteve em causa por breves instantes e a resposta foi dada com uma força que ecoou até aos dias de hoje. A China de hoje, com capitalismo de Estado, alicerçou-se depois do massacre. Até hoje o governo continua a falar de "caminho para o socialismo com características chinesas".

Mas não há Socialismo sem Democracia e Liberdade de Expressão. Pois não?

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