12 junho 2014

Um ano após o encerramento da ERT volta-se às ruas


Ontem fez um ano do encerramento do canal público de televisão e rádio grego ERT. Frente ao edifício  do antigo canal juntaram-se milhares de pessoas e escutaram-se os discursos das várias forças políticas que têm estado desde o primeiro momento junto dos e das trabalhadoras em defesa de uma informação livre, democrática e pública. A. Tsipras, do Syriza, no seu discurso afirmou que esta luta, como tantas outras, não foi nem será em vão e que a mudança política dará voz a todas as lutas.

Recorde-se que há um ano o governo grego decidiu encerrar de um dia para outro a ERT, despedindo cerca de 2.500 pessoas que aí trabalhavam como jornalistas, técnicas, entre outras. Esta medida não estava inscrita no memorando mas serviu para cumprir uma outra obrigação da troika: despedir 4.000 pessoas trabalhadoras do setor público. O governo achou então que encerrar o canal público resolvia rapidamente parte do problema.

Seguiram-se protestos e a ocupação das instalações do canal por quem aí trabalhava. Durante 6 a 8 meses foi um canal auto-gerido pelos e pelas trabalhadoras, com decisões tomadas coletivamente. Pela primeira vez os protestos sociais, as greves, as forças de esquerda, as lutas anti-memorandum, as pessoas afetadas pela crise e austeridade deixaram de estar na sombra para estar na primeira frente da informação e dos debates televisivos. Até que uma noite o governo mandou as forças policiais para desalojar à força os e as trabalhadoras e encerrar o edifício. Mas os e as trabalhadoras não desistiram: a ERT auto-organizada continua a emitir por internet e em cerca de 50 das 90 estações de rádio locais e as instalações de Thessaloniki continuam ocupadas. Esta é ainda uma voz dos movimentos populares e da esquerda.

Hoje existe um pobre substituto da ERT, com outro nome. Mais pequeno e (ainda) mais um canal do regime. É que o tribunal supremo disse que o Estado grego não poderia deixar de ter um canal público. Mas este é um canal que não serve o público, não cumpre uma função de canal público.


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