A direita intelectual portuguesa precisa de fazer terapia. As últimas semanas têm marcado uma mudança no estilo dos seus intelectuais orgânicos. Às terças e quintas, glosa-se a esquerda radical e o perigo de um governo do SYRIZA. Às segundas e sextas, glosa-se a falta de radicalismo - leia-se a vontade de negociar, própria de diálogos bilaterais. Finalmente, às quartas, disserta-se sobre a horrenda possibilidade de pessoas sensatas, cordatas e polidas poderem votar em partidos de extrema-esquerda, esquerda radical ou de -inserir epíteto du jour-.
Os intelectuais orgânicos desta direita nunca foram obrigados a pensar na possibilidades e acções concretas de um governo de esquerda que não encaixe no senso comum imperial. Para estes intelectuais, o PS é um partido de esquerda, Silva Peneda é de centro-esquerda e Pacheco Pereira é um perigoso especialista em contraespionagem política. Ao longos de duas décadas, adoptaram um discurso ufano, perfeitamente alinhado com uma marcha liberal de processos históricos mais ou menos obscuros. Reinava o estilo pragmático. Depois da URSS, a esquerda nunca recuperaria. Sobravam os razoáveis da terceira via; com esses, era possível dialogar. Partilhavam pressupostos básicos, como a presunção da escassez, o individualismo radical, a rejeição do público e do comum como bases de discussão política, a contradição entre liberdade e igualdade, um mundo inerentemente globalizado e a conversão do Estado em instrumento de extracção rentista.
Os intelectuais orgânicos desta direita nunca foram obrigados a pensar na possibilidades e acções concretas de um governo de esquerda que não encaixe no senso comum imperial. Para estes intelectuais, o PS é um partido de esquerda, Silva Peneda é de centro-esquerda e Pacheco Pereira é um perigoso especialista em contraespionagem política. Ao longos de duas décadas, adoptaram um discurso ufano, perfeitamente alinhado com uma marcha liberal de processos históricos mais ou menos obscuros. Reinava o estilo pragmático. Depois da URSS, a esquerda nunca recuperaria. Sobravam os razoáveis da terceira via; com esses, era possível dialogar. Partilhavam pressupostos básicos, como a presunção da escassez, o individualismo radical, a rejeição do público e do comum como bases de discussão política, a contradição entre liberdade e igualdade, um mundo inerentemente globalizado e a conversão do Estado em instrumento de extracção rentista.