20 março 2014

Criação Monetária na Economia Moderna

No boletim trimestral do Banco Central Inglês “Money creation in the modern economy”, assinado por três economistas do gabinete de análise monetária do banco, é analisada pormenorizadamente a criação de moeda, a dinâmica da circulação monetária e a forma como os bancos gerem o risco nas economias modernas. As conclusões a que chega são, no mínimo, controversas.

A análise ortodoxa do funcionamento da criação monetária ensina-nos que os bancos funcionam como intermediários, os depósitos são criados pela poupança das famílias, e os bancos posteriormente utilizam esses depósitos para conceder novos créditos. Além disso, o banco central determina a oferta de moeda na economia controlando a base monetária, soma das reservas dos bancos e da moeda em circulação, o chamado multiplicador monetário.

O Banco Central Inglês argumenta que estas concepções são afinal falsas.

A Bunch of Meninos para ouvir a todas as velocidades



Os Dead Combo são filhos do cosmopolitismo, da miscigenação cultural e de cruzamentos improváveis. São daquelas bandas que não se confundem e que trazem algumas das mais inovadoras e criativas produções na música que se têm feito em Portugal. São seguramente uma das melhores bandas portuguesas nascidas depois da mudança de milénio. Tó Trips é um filho do punk e da explosão dos anos 80 nos palcos do Rock Rendez Vous e Pedro Gonçalves um ex-Peste e Sida e que acompanhou Sérgio Godinho.

Os Dead Combo, como se escreveu, já não são nenhuns meninos. Mas este Bunch of Meninos é de quem, como as crianças, gosta de desafiar tudo. Desafiar os trabalhos tão brilhantes como os de Lusitânia Playboys ou Lisboa Multada, desafiar a fórmula mais segura que seria repetir o que já tinha vingando. Mas não: os Dead Combo neste disco colocam-nos numa ebulição alucinante e desafiante de inspiração nas guitarras e nos ritmos do fado, nos westerns, nas sonoridades blues e blues-rock e numa feliz homenagem a Tom Waits.

De ritmos acelerados ou mais melódicos, A Bunch of Meninos vale a pena ser ouvido. De alto a baixo. E a todas as velocidades.


19 março 2014

A história do bisavô e as histórias do Vítor Gaspar

 Num colóquio no ISCTE, o ex-ministro das finanças de Passos Coelho terá lembrado que José Dias Ferreira, bisavô de Manuela Ferreira Leite, terá recusado pagar a dívida pública externa, contrariando a proposta de Oliveira Martins, seu ministro das finanças e tio-bisavô do actual presidente do Tribunal de Contas. Em consequência, o Estado declarou bancarrota e o governo caiu. A família tem destes problemas, nunca somos responsáveis pelo que fazem e pelo que dizem os nossos parentes, ainda por cima um século atrás.

A moral da história de Vitor Gaspar, no entanto, tem um problema. É que o Estado português renegociou a dívida depois de ter declarado o seu incumprimento. Rejeitou a pressão da Inglaterra e da Alemanha que queriam ficar com activos do Estado (neste caso, uma parte das colónias). Negociou taxas de juro baixas e um prazo agigantado para quase um século. E viveu sem problemas de novas bancarrotas. Ou seja, os bisavós fizeram o que hoje é recusado pelos mandantes financeiros.

18 março 2014

O impacto social da crise segundo a OCDE

O FMI publicou um estudo sumário de acordo com o qual, em Portugal, os efeitos da crise teriam sido mais sentidos pelos mais ricos do que pelos mais pobres. (Público). Desde logo, uma advertência: para quem já tinha muito pouco, qualquer corte adicional significa imenso. Em Portugal, o limiar de pobreza situa-se nos 424 euros.

O trunfo escondido de Passos Coelho



Escreve o Público que a reunião entre Passos Coelho e Seguro resultou num falhanço do primeiro. Depois de 3 horas de reunião, Passos segue para Berlim como Azazel para o deserto, pronto ao sacrifício e desprovido de qualquer trunfo salvador. O caso dá que pensar. Por que razão Passos Coelho, que em dezembro afirmava dispensar qualquer ajuda do PS para a negociação de um programa cautelar, que nunca havia convidado Seguro antes de uma entrega do Documento de Estratégia Orçamental, e que sabia que este afirmaria, uma vez mais, uma discordância com o governo, ofereceu ao líder do PS a abertura dos telejornais?

17 março 2014

Uma boa discussão vale o dia

Duas boas notícias no Jornal de Negócios, depois da cruzada contra o Manifesto dos 74: um texto de opinião notável de Rui Peres Jorge, colocando os pontos nos factos, e um levantamento de opiniões entre os leitores e leitoras (e 51,7% concordam com a restruturação, 43,7% opõem-se e 4,6% acham indiferente).

Sereia Louca


Capicua é uma das vozes mais criativas da música portuguesa contemporânea. Tem um percurso de dez anos a fazer rap apesar de ter sido em 2012 com o seu primeiro álbum a nome próprio que invadiu os palcos, as rádios e a crítica. Capicua tem um rap sóbrio, subversivo e maduro. Se no primeiro disco e em certa medida na sua mixtape de 2013 - Capicua Goes West -, podemos ouvir um rap mais duro e direto, em Sereia Louca vemos uma vertente mais poética, metafórica e original. Não perde a identidade, mantém os temas de sempre e não alterou o essencial, mas convoca-nos para algo novo. Convoca-nos para desafiar corações, paixões e consciências em ritmos melódicos e letras apaixonantes. Será um dos discos do ano. Aproveitem.