17 maio 2014

18 de Maio, referendo histórico contra a privatização da água em Thessaloniki


No próximo domingo, dia 18 de Maio, está previsto um momento histórico em Thessaloniki, a segunda maior cidade da Grécia com 1,5 milhões de habitantes. Além da primeira volta às eleições municipais e para a prefeitura, está prevista a realização de um referendo local contra a privatização da companhia pública de abastecimento e saneamento de água EYATH.

Este referendo, não reconhecido oficialmente, é já uma vitória dos cidadãos e cidadãs desta cidade que nos últimos três se têm oposto a esta medida incluída no memorandum e apoiada pelo Governo grego. Mas hoje mesmo, nas vésperas da sua realização, o Governo anunciou que este referendo é ilegal e mandou os juízes supervisionar os locais de voto. Se o referendo terá condições de ser realizado é ainda uma incógnita. Em todo o caso, mostra como a vontade popular fragiliza o Governo que tem de tomar uma posição de força para evitar que se realize.

O pânico a Piketty e a direita sem ideias


Por Paul Krugman

O novo livro do economista francês Thomas Piketty, “O capital no século XXI”, é um prodígio de honestidade. Outros livros de economia foram um sucesso nas vendas, mas diferentemente da maioria deles, a contribuição de Piketty tem uma séria erudição, capaz de mudar a retórica. E os conservadores estão aterrorizados.

Por isso, James Pethokoukis, do American Interprise Institute, adverte na revista “National Review” que o trabalho de Piketty precisa ser refutado porque, do contrário, “se propagará entre a clerezia e dará nova forma ao cenário da economia política em que serão travadas todas as futuras batalhas sobre política”.

16 maio 2014

Acredita, se não tiveres nojo



«Amanhã a Troika vai embora, mas deixa esta dívida atrás de si. Com ela, a garantia de visitas regulares do FMI, que nunca confia o seu dinheiro a mãos demasiado democráticas. Com ela, um plano detalhado de pagamentos, com metas e velocidades previamente acordadas com o governo.

Amanhã a Troika vai embora mas deixa um outro pacto de regime em sua substituição: o Tratado Orçamental. É a austeridade feita lei e a garantia da ingerência de Bruxelas sempre que isso não for cumprido.

Amanhã a Troika vai embora mas os salários não são devolvidos, nem o SNS, nem as pensões, nem os impostos, nem os empregos, nem o futuro.

Amanhã, a Troika vai embora. E cá vai, um brinde de Murganheira ao novo 25 de Abril! Não tens nojo?»

12 maio 2014

Os Burgueses: 40 anos de poder e recomposição





"Nos primeiros tempos não havia tempo para pensar com muita profundidade o que se estava a fazer: era só uma certa intuição, talvez também uma certa dose de teimosia e perseverança”. Assim lembra António Vasco de Mello, referindo-se à criação da Associação Industrial Portuguesa (AIP) escassos dias após o 25 de Abril de 1974.

O pensamento e ação da burguesia portuguesa na voragem militar e popular que aniquilou o marcelismo resultaram, como sabemos, numa derrota em curto prazo. A aposta perdida de Spínola e a polarização no seio do MFA, reflexo da agudização de contradições sob a crescente pressão popular, ditaram o novo cenário.

As três maiores dinastias da burguesia portuguesa, Mello, Champalimaud e Espírito Santo, perante uma cúpula política incapaz de organizar a defesa da classe, partiam para o exílio. Para compreender o regresso e a reconquista de Vasco de Mello, que viveu o desterro suíço com o seu pai, José de Mello, é necessária mais atenção à complexa dinâmica social e histórica do que à “teimosia” do burguês.

11 maio 2014

Afinal foram os bancos alemães


Um ex-assessor de Durão Barroso, Philippe Legrain, em entrevista ao Público: a vantagem dos bancos alemães e da finança europeia determinou o modelo da política das troikas. Esta crise foi uma crise bancária. Tem razão.