Depois do Público ter dedicado um preguiçoso e mal amanhado artigo sobre o resultado esperançoso do Podemos, o DN faz fogo sobre Alexis Tsipras. Quatro dias bastaram para que se instalasse uma velhinha narrativa que tem pouco de jornalística e muito de ideológica: num contexto de crise, sobem os extremos, à direita e à esquerda, iguais em quase tudo, ambos hediondos e, por isso, alvos a abater.
Interessa pouco que o Podemos defenda uma democracia aprofundada e a nacionalização de sectores resgatados pelos salários das pessoas, enquanto o presidente honorário da Frente Nacional defenda o extermínio de africanos pelo vírus Ébola. Ou que o Syriza se apresente como o único bloco político na Europa capaz de travar os ditames da senhora Merkel - imagine-se o que serão os conselhos europeus se Tsipras for eleito Primeiro-ministro - enquanto Beppe Grillo e Nigel Farage negoceiam a criação de um grupo parlamentar populista. As manchetes impõem-se.