Com o ferrolho colonial europeu a limitar a capacidade de investimento e a necessária recuperação dos salários, restou aos governos esconder a subserviência económica endeusando as chamadas "políticas ativas de emprego". À semelhança dos governos socialistas, o CDS, atual comandante da pasta, escolheu duas vias para estas políticas: a ocupação compulsória dos desempregados em cursos de formação da mais duvidosa qualidade e utilidade e o reforço da transferência de fundos públicos para as empresas através do emprego subsidiado, os estágios. Os centristas trouxeram, é certo, a sua marca própria com a perseguição aos desempregados de longa duração, que tanto dependem do RSI para não viver em pobreza extrema.
Esta semana soubemos que Pedro Mota Soares quer ultrapassar mais um limite. O anúncio da entrega de funções a cargo do IEFP às empresas privadas de colocação de trabalhadores (o Observador chama-lhes carinhosamente de centros de emprego privados) carrega consigo a lógica mais perversa a que já assistimos no Ministério do Trabalho. O Estado vai transformar os desempregados num produto a ser entregue e gerido por empresas privadas . Estas serão remuneradas pelo contributo futuro à segurança social desse mesmo trabalhador e ainda poderão auferir ao valor correspondente aos apoios devidos em matéria de apoio ao desemprego.
De uma assentada, perdemos o pilar histórico da colocação pública e gratuita de emprego - os trabalhadores vão pagar a sua colocação com os seus contributos para a Segurança Social! - e o governo que mais desemprego criou na história deste país, finalmente consegue arranjar uma solução lucrativa para o problema. Privatizaram o desemprego.
Nunca vimos algo assim.
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