Terminei em finais de 2013 um estudo exploratório sobre a jovem emigração portuguesa para França tendo obtido uma amostra de 113 inquiridos entre os 20 e os 35 anos, com pelo menos a licenciatura e que abandonaram Portugal a partir de 2008. Ao contrário de vagas anteriores, estes jovens não acalentam “a fantasia do regresso”, seguindo a expressão do realizador Rubem Alves.
Na verdade, os projetos e as decisões comportam sempre uma dose de reflexividade face às condições objetivas de existência e uma dose de cálculo quanto aos futuros possíveis. Ora, para estes jovens o regresso não é uma hipótese a curto prazo. Compreendem-se bem as razões: por um lado, a decisão de emigrar é recente e encontram-se em pleno processo de inserção no país de destino, com forte investimento na preparação de uma vida nova; por outro lado, tal processo parece corresponder aos seus objetivos, na medida em que a França se afigura um país que reconhece as suas qualificações e que, mais ainda, acresce qualificação à qualificação (carreiras estáveis, protegidas, bem remuneradas, com francas possibilidades de progressão). Finalmente, a dura situação portuguesa, sem vislumbre de melhoria próxima, obriga ao refrear das expetativas.
Assim, prudentemente, o regresso a Portugal está dependente da evolução da situação do país, o que é válido quando cruzamos esta afirmação com o sexo (Quadro 1), mas também com a idade, o capital escolar e a área profissional. A exceção está nos profissionais da área de arquitetura que, na sua totalidade, afirmam nunca mais voltar, reflexo da aguda crise no setor da construção.
Razões para emigrar
Observemos entretanto a síntese contida no quadro seguinte e que compara as diferentes “afirmações” quanto ao nível mais elevado de concordância:
A remuneração, a falta de progressão na carreira, de casa própria e a dificuldade em constituir família constituem os principais motivos para emigrar. Pelo contrário, a pressão familiar e a tradição emigratória merecem a maior discordância. Ou seja, são os fatores estruturalmente ligados à situação do país – e não ao núcleo afetivo mais próximo - e os obstáculos ao processo de autonomização face à família de origem que se afiguram como os mais relevantes para a nossa amostra. Dir-se-ia que estes jovens querem deixar de ser jovens mas não o conseguem, bloqueados que estão nas múltiplas transições (para um emprego estável; para um núcleo conjugal; para a vida ativa).
Na verdade, os projetos e as decisões comportam sempre uma dose de reflexividade face às condições objetivas de existência e uma dose de cálculo quanto aos futuros possíveis. Ora, para estes jovens o regresso não é uma hipótese a curto prazo. Compreendem-se bem as razões: por um lado, a decisão de emigrar é recente e encontram-se em pleno processo de inserção no país de destino, com forte investimento na preparação de uma vida nova; por outro lado, tal processo parece corresponder aos seus objetivos, na medida em que a França se afigura um país que reconhece as suas qualificações e que, mais ainda, acresce qualificação à qualificação (carreiras estáveis, protegidas, bem remuneradas, com francas possibilidades de progressão). Finalmente, a dura situação portuguesa, sem vislumbre de melhoria próxima, obriga ao refrear das expetativas.
Assim, prudentemente, o regresso a Portugal está dependente da evolução da situação do país, o que é válido quando cruzamos esta afirmação com o sexo (Quadro 1), mas também com a idade, o capital escolar e a área profissional. A exceção está nos profissionais da área de arquitetura que, na sua totalidade, afirmam nunca mais voltar, reflexo da aguda crise no setor da construção.
Razões para emigrar
Observemos entretanto a síntese contida no quadro seguinte e que compara as diferentes “afirmações” quanto ao nível mais elevado de concordância:
Quadro 1. Grau máximo de concordância face às várias afirmações
Concordo muito (%)
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Sempre desejei sair do país após concluir o meu curso
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16,8
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A minha família sempre me estimulou a procurar emprego
fora
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8,8
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Não consegui encontrar emprego, apesar de várias
tentativas
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34,5
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Sempre gostei de viajar e trabalhar fora
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35,4
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Em Portugal não existem possibilidades de carreira
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53,1
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Em Portugal não consigo progredir em termos de
formação
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28,3
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Em Portugal não consigo progredir em termos de
remuneração
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61,1
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Em Portugal não consigo ter dinheiro para constituir
uma família
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51,3
|
Em Portugal não consigo ter uma casa própria
|
53,1
|
Estava a ficar desesperado/a por não conseguir
subsistir
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21,2
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A França atrai-me como país de futuro.
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20,4
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O mercado de trabalho em França reconhece melhor as
minhas qualificações e competências
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44,2
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Em França as possibilidades de satisfação e autonomia
no trabalho são maiores
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38,9
|
A minha família tem tradição de emigrar
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7,1
|
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