13 dezembro 2014

Privatizar o Governo para evitar o despedimento coletivo


Ligar uma lâmpada, enviar uma carta, pagar um seguro, entrar num aeroporto, depositar o lixo. O circuito quotidiano das tarefas mais triviais dificilmente escapa ao mundo novo que habitamos, onde os éditos se atropelam com a mesma e insistente ordem: privatize-se. Depois da EDP, REN, CTT, Caixa Seguros, ANA, EGF e outras tantas empresas públicas, Passos lança-se na segunda campanha pela privatização da TAP. Não é caso para menos, faltando 10 meses para as eleições legislativas, sobem os níveis de adrenalina nos gabinetes ministeriais.

No passado, as privatizações eram apresentadas no contexto de uma certa festividade histórica - "Por cada empresa que privatizo, abro uma garrafa de champanhe", afirmava José Penedos (Secretario de Estado de Guterres), enquanto Cavaco fazia alarde sobre a manutenção dos "centros de decisão nacionais", celebrando a nova e emergente burguesia que na verdade crescia débil e parasitária do Estado. Hoje, pelo contrário, as privatizações são apresentadas como um fardo, uma consequência da bancarrota iminente, uma triste inevitabilidade. O aviso de Passos sobre a TAP, feito como quem entrega um embrulho, é de um autoritarismo próprio deste tempo: ou a privatização ou o despedimento coletivo.