13 março 2014

Marchas pela dignidade contra a troika e a austeridade


No dia 22 de Março confluirão em Madrid as marchas pela dignidade desde as várias comunidades autónomas do país vizinho. Percorrendo centenas de quilómetros a pé, os e as marchantes mostram ao país que há uma maioria social que rejeita a austeridade do Governo e da troika e que quer lutar pelos seus direitos. No dia de chegada prevê-se uma grande manifestação às 17h, desde Atocha até à Praça de Colón.

Segundo o manifesto da iniciativa esta é uma "mobilização contra o pagamento da dívida, por um emprego digno, por um rendimento mínimo garantido, pelos direitos sociais, pelas liberdades democráticas, contra os cortes, a repressão e a corrupção, por uma sociedade de homens e mulheres livres, uma mobilização contra um sistema, um regime e uns governos que nos agridem e não nos representam. Exigimos, por isso, que se vão embora. Que se vá o governo do PP e também todos os governos que cortam direitos sociais básicos, todos os governos que colaboram com as políticas da troika"

'No comment'



(os dados estão em milhões de euros, são do INE, dizem respeito à variação entre o final de 2011 e final de 2013) 

O jackpot de Passos Coelho e de Cavaco Silva: tudo vai bem e vai ser melhor ainda

Os quatro tipos de resposta ao Manifesto 70 revelam bem o que vai na sociedade portuguesa e para onde temos que ir.

Em primeiro lugar, veio a autoridade: o texto foi criticado pelo primeiro-ministro, furioso com a assinatura de ex-ministros das finanças de governos da sua cor, a mesma crítica foi repetida pela Comissão Europeia, pelo FMI e pelos editoriais dos dois jornais económicos, o Presidente despachou os dois assessores que tinham assinado, os partidos da maioria fizeram conferências de imprensa e lamuriaram-se no parlamento, e até um ministro júnior da Irlanda foi recrutado para comentar o assunto. Os drs. Pangloss, felizes que eles são, acreditam que tudo vai bem e não podia ir melhor.

12 março 2014

ROBOCOP, a automação da violência e a afirmação da escolha humana




Os que pensam que o remake de Robocop, o cult de Paul Verhoeven, pela lente de José Padilha (Tropa de Elite, Ônibus 171) é apenas mais um blockbuster, desenganem-se. O regresso do Robocop acontece numa América agitada pela guerra dos drones e pelo avassalador controle tecnológico da vida social. As questões morais e políticas levantadas por esse novo ciclo de agressão e imperialismo atravessam todo o filme.

Mais uma vítima de Erdogan


Ontem morreu Berkin Elvan, um rapaz turco de 15 anos, após ter sido atingido há 9 meses por um tubo de gás lacrimogénio da polícia quando ia comprar pão junto ao Parque Gezi. Ele é mais uma vítima da repressão e violência das autoridades contra as mobilizacões populares que têm percorrido a Turquia contra o governo.

Milhares de pessoas em todo o país têm-se juntado nas ruas para mostrar a sua solidariedade com a família e a sua raiva com o governo. Mais uma vez a resposta tem sido repressão e violência. Em Ankara a polícia usou gás lacrimogénio para dispersar os protestos, a mesma arma que vitimou Berkin. O funeral terá lugar hoje e em várias cidades do mundo estão marcados protestos para mostrar que o povo turco não está só. Em Lisboa o protesto está marcado para o Largo Camões.

A artilharia do Diário Económico contra o manifesto pela reestruturação da dívida


A artilharia do Diário Económico lançou-se contra o manifesto pela reestruturação da dívida. Respeitando os seus pergaminhos, escreveu as prosas mais agressivas que se podem ler hoje de manhã. É certo que não foi só este jornal, outros editorais apelaram à contenção, à prudência e à obediência (“o que é que os credores vão pensar de nós, cruzes canhoto!?”). O PS acrescentou logo: não falamos de "reestruturação". E Maria Luís Albuquerque garante: a dívida é sustentável. Mas o DE vai sempre mais longe.

O director-executivo Bruno Proença chama ao texto ontem divulgado “um manifesto irresponsável”, porque “vem no pior momento, uma vez que Portugal está a negociar a saída da troika”. Em prol do argumento, apresenta as suas críticas ao passado de dois dos signatários, João Cravinho e Bagão Félix. Foi a mesma estratégia que seguiu Gomes Ferreira na SIC: se Cravinho tem culpas no cartório, não pode manifestar. Se são do Benfica, calados. Se são do Sporting, calados também.

11 março 2014

O que sabemos sobre as universidades?

Nestes tempos de austeridade em que as funções sociais do Estado vão sendo desmanteladas, é muito comum a intervenção política e cívica ser praticamente ocupada por posições defensivas. Ao contrário de outros tempos em que as perspetivas críticas e emancipatórias colocavam no debate público, por exemplo, os problemas da pedagogia e da emancipação nas escolas, hoje a intervenção social e política na educação concentra-se muito mais na resistência aos ataques que têm sido feitos à escola pública.

Sempre achei que precisamos das duas perspetivas: a crítica à escola pública é condição da sua defesa; e a defesa da escola pública é parte da luta por uma escola democrática que precisamos de aprofundar. Contudo, a perspetiva que aqui trago é totalmente defensiva: apesar das universidades na europa estarem longe de serem perfeitas, o ataque que sobre elas se tem desenvolvido merece que se acentue o papel que elas têm tido no desenvolvimento das sociedades.

Um relatório com poucos meses da London School of Economics and Policial Science sobre o papel do Ensino Superior no desenvolvimento das sociedades mostra, através de um resumo da principal literatura científica publicada desde 2003, que objetivamente são imensos os contributos da formação no Ensino Superior para o desenvolvimento social, cultural e económico. A síntese dos estudos realizados e das suas conclusões são impressionantes.

09 março 2014

empreendedorismo, a coisa e o modo

O cuidado artigo da Ana Cristina Pereira no Público de hoje avança algumas conclusões de uma investigação ainda em andamento. O empreendedorismo como mecanismo de legitimação e fala mitológica deve ser desnudado em toda a largueza da sua concepção. Fica o convite à leitura, com a certeza de que esta casa voltará, em breve, a esta tema.

«O que une e separa a inglesa Virgin e a minhota Betweien»

Sir Richard Branson, fundador do grupo Virgin, já proclamou 2014 “O Ano do Empreendedor”. A palavra tornou-se omnipresente. Uma campanha contra o seu uso abusivo até foi lançada pela Betweien, uma empresa spinoff da Universidade do Minho. Durante todo o primeiro trimestre deste ano, é proibido proferir essa palavra dentro das suas instalações. Quem prevaricar paga um euro.