O retorno da «rua» como fronteira.
A 25 de setembro de 2011, dia de manifestação contra as medidas de austeridade em Madrid, uma imagem marca o dia: Alberto Casillas Asenjo, o empregado de mesa de um restaurante situado nas imediações da Praça Neptuno (sede do Congresso Nacional) impede a entrada da polícia de choque no estabelecimento onde se refugiam dezenas de manifestantes em fuga. A manifestação convocada pela coordinadora 25s – plataforma que agrupa dezenas de coletivos formados pelos movimentos das acampadas e assembleias populares existentes desde a manifestação inaugural de 15 de Maio de 2011 – tinha como mote o rodeo al Congresso, cerco ao Congresso Nacional, e avançava no seu manifesto[1] com a necessidade de resgatar a democracia perante o sequestro da soberania popular pelos mercados e pela troika. O cerco não chegou a ter lugar perante a musculada intervenção policial e um pequeno grupo dos milhares de manifestantes, que fugiam à carga, encontrou abrigo no espaço guardado por Alberto Asenjo. A imagem forte, e em certa medida romântica, protagonizada por este empregado de mesa é o nosso ponto de partida para a análise de uma fronteira que retorna à cena política europeia: a rua.