02 outubro 2014

[PUB] Como surgiu e como caiu a I República?

Os cinco erros capitais

*Por Fernando Rosas
A República torna-se presa fácil da conspiração das direitas antiliberais, porque está ferida de uma crise de legitimidade estrutural e mergulhada na instabilidade política e financeira. A isso é necessário juntar a "questão religiosa", a rotura com o operariado e o facto de ter arrastado o país para o desastre suicidário da guerra. Quando uma parte da República tenta corrigir os erros, já é tarde.

A I República nasceu de uma revolução urbana, em Lisboa, conduzida pelo "Bloco do 5 de Outubro", essa aliança entra a plebe urbana da capital, organizada pela Carbonária, e o mundo diversificado da pequena burguesia dos lojistas, dos comerciantes, dos pequenos funcionários públicos, dos caixeiros e amanuenses, capitaneados pela elite letrada das profissões liberais, os chefes do Partido Republicano Português (PRP).

30 setembro 2014

Conservadores 0, Feministas 1


Sí, se puede. O Estado Espanhol não regrediu 30 anos e os valores da autodeterminação e da dignidade venceram nas ruas o conservadorismo fascinado com a perseguição das mulheres.

A semana que passou chegou com uma boa notícia, aliás uma estrondosa boa notícia. Não consigo pensar noutros termos quando recordo o anúncio do primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, de que a proposta de reforma da lei do aborto do seu governo tinha sido retirada. Logo a seguir, ficámos a saber que o autor da proposta, o então Ministro da Justiça, Alberto Ruiz-Gallardón, se demitiu e até se reformou da política. Gallardón bateu com a porta quando percebeu que caiu por terra a hipótese de colocar a Espanha no topo do ranking dos países europeus com as leis do aborto mais restritivas. O que é mais caricato nesta reviravolta é que, agora, Gallardón sairá à rua não com medo de ser perseguido por feministas empunhando cartazes a dizer “Yo decido!” e “Libertad!”, mas sim pelos fundamentalistas conservadores e católicos zangados, porque perderam a hipótese de se vingarem da modernidade e da democracia instalada.

29 setembro 2014

A Concertação Social não ser pode uma reunião secreta entre Carlos Silva e Passos Coelho

Marques Mendes voltou a dar com a língua nos dentes: Passos e Carlos Silva tiveram um "encontro privado, com muito sigilo" para garantir que a UGT aceitaria os termos da subida do salário mínimo de 485€ para 505€. Desta forma, o comentador da SIC e barão do PSD faz o que Passos lhe pediu, garantindo que o mundo saiba que ele também esteve envolvido nas negociações do salário mínimo e que terá sido ele a "ultrapassar o impasse".

Foi um movimento muito importante por parte de Passos, porque depois de se esvair o mito da "retoma económica" esta é a única arma política que terá no ano eleitoral que se aproxima. E, mais, Passos bem precisou que Marques Mendes o dissesse no seu comentário, porque Mota Soares quis tomar os louros do acordo e até Paulo Portas saiu do avião a correr para estar na fotografia do evento.

Mas Carlos Silva, o amigo de Ricardo Salgado, mostrou, de facto, mais uma vez a fibra de que é feito, não devendo nada a João Proença, seu predecessor. Há semanas atrás, Paulo Portas dizia que "felizmente que na concertação social existe uma UGT" e hoje percebe-se porquê.