20 junho 2014

O BES e Angola, o BES e o PSD, PSD e Angola

O BES está em convulsão interna e vai ter de substituir o seu conselho de administração. Salgado sai por causa de "irregularidades graves", dívida escondida e coisas afins. Mas deixa lá o seu braço direito, Amílcar Morais Pires, arguido num caso de abuso de informação na compra de ações da EDP.





Para chairman, o Grupo Espirito Santo propõe Paulo Mota Pinto, presidente do conselho de fiscalização das "secretas", deputado do PSD e atualmente do conselho de administração da ZON.

Ainda para a administração vai Rita Barosa, secretária de estado do Ministro Relvas... do PSD.


19 junho 2014

A maturidade dos Linda Martini




Não é fácil encaixar os Linda Martini num único e unívoco estilo de música. Mas é muito fácil classifica-los como uma das melhores, mais criativas e inovadores banda da cena musical portuguesa. Os Linda Martini são um dos principais grupos do novo rock português e não envergonham de nenhuma forma a geração que fez nascer e crescer o rock em Portugal. Venceram três vezes o prémio de disco do ano pelos leitores da Blitz com “Os olhos de Mongol” (2006), “Casa Ocupada” (2010) e “Turbo Lento” (2013) e têm enchido todos os recintos a que se dirigem. Os elogios de pessoas como Henrique Amaro da Antena 3 ou Zé Pedro dos Xutos e Pontapés não são para menos. A banda é uma mistura original de influências de post-rock, rock alternativo, post-hardcore, punk e outros estilos e combina uma explosão de criatividade e inovação em cada disco e concerto que fazem.

Há meia dúzia de dias comprei o novo álbum “Baú”, distribuído com a Blitz. Um disco de “inéditos e raridades”, com novas versões de vários temas de outros discos e com sonoridades que foram ficando por editar no meio do processo criativo que foi dando origem aos vários álbuns. É uma álbum de maturidade. Nestes dez anos como banda, os Linda Martini, que começaram no circuito independente, surpreendem pela solidez de uma música multifacetada, pela capacidade de brilhar em vários tons e ritmos e por uma enorme qualidade de composição e arranjo dos temas. Vale a pena ouvir. Ainda há bom rock em Portugal. Este Baú é mais uma prova disso. 

18 junho 2014

Eucaliptal à sombra do Estado

O governo acaba hoje de confirmar mais um benefício fiscal à Portucel-Soporcel, como troca por um investimento de 56 milhões de euros da empresa na fábrica de pasta de papel em Cacia. Na distopia neoliberal tudo faz sentido, porque as palavras não têm significado: o mercado é perfeito para a propaganda, mas o Estado faz o trabalho sujo de garantir renda à "iniciativa" "privada". Portugal é o país com maior área de eucalipto plantado do mundo, tendo o actual governo liberalizado a plantação de eucaliptos no território. Viva o mercado livre!

17 junho 2014

Um Tratado contra o medo que nos engole (I)

Medo e desespero. Em Tempos Interessantes: uma vida no século XX (2005), Eric Hobsbawm conta-nos como foi imune a estes sentimentos nos anos do pré-guerra, chegando a uma explicação simples: a ação política comia o medo. Nos anos trinta, a radicalização de alguns sectores estudantis ingleses, dos quais fazia parte Hobsbawm, beneficiava de uma combinação poderosa: a identificação de um inimigo e dos que colaboravam na recusa em combatê-lo, o nazismo e governos britânico e francês respectivamente; um campo de batalha, a Espanha republicana; e a certeza num outro mundo possível, ideologicamente e programaticamente compreensível através do socialismo.

A transposição histórica desta tríade de combate para os nossos tempos não cumpre mais que um exercício de triste constatação: os campos de batalha escasseiam, a capacidade de desnudar o inimigo comum embate na mistificação da crise e das suas origens, as certezas num outro mundo vacilam perante o recrudescimento da luta social. Saber ler os sinais que nos chegam é perceber o medo que nos vai engolindo.

15 junho 2014

Pensa bem, é mesmo isto que queres?

Os jornais dizem que o Banco de Portugal (BdP) diz que são necessários mais 7000 mil milhões de austeridade. O governo mantém que não é bem assim, tal e coiso, depende. Por via das dúvidas, fui ler o tão falado Boletim, que agora vos entrego em resumo.


1. Algumas notas de pré-leitura

O que o BdP faz neste estudo, chamado de “políticas invariantes”, é calcular a evolução do défice e da dívida caso nada se alterasse na economia portuguesa. Como todos os exercícios deste tipo, a análise peca pelo irrealismo de algumas hipóteses. Nomeadamente aquela que estabelece que o cenário macroeconómico se mantém inalterado, independentemente das opções orçamentais que forem tomadas. Isto quer dizer o quê? Quer dizer que pode correr muito pior que o previsto.

O saldo orçamental considerado é sempre o estrutural, aquele que consta do Tratado Orçamental. Sem entrar em outros pormenores, é a medida que pretende retirar os efeitos dos ciclos económicos do cálculo do saldo orçamental (mais informações sobre isto aqui).

Em 2014, esse saldo estrutural será de -2,6%. O objetivo determinado pelas regras europeias é que seja de -0,5%. 


2. Entre 2014-2019, o que esperar? 

O BdP assume que o país cresce a uma taxa média de 3,4% ao ano (PIB); que a taxa média de juro a pagar pela dívida pública aumenta para 4,2% até 2019, e que não há quaisquer outras alterações no cenário económico (no desemprego, por exemplo).

O BdP não inclui as últimas medidas de austeridade para 2015 que vinham no DEO (0,8% PIB)  e assume que, tal como prometido, os cortes salariais e a CES (pensões) serão progressivamente devolvidos até 2019. 

O raciocínio é: partindo de um défice em 2014 de 2,6%, se acrescentarmos o aumento da despesa com juros da dívida pública (0,8%), um fator de ajustamento do modelo (0,4%), a devolução dos salários (0,7%) e das pensões (0,4%), chegaremos a 2019 com um défice de 4,9%, muito longe do objetivo de 0,5%, e com uma dívida de 132,2%, também muito acima do objetivo.

Se nada for feito, e o governo devolver os salários e pensões como prometeu, o défice será 7700 milhões de euros acima do acordado com Bruxelas. E é aqui que entra a nova austeridade, que terá de ser 4% do PIB para que, combinada com um efeito de redução da despesa em juros (com o défice desce, o BdP assume que se paga menos em juros), permitirá atingir o objectivo de 0,5%. A dívida, por seu turno, descerá para 121,5%. 




Ensino Superior: entre estratégias perigosas e omissões preocupantes



Desde a baixa Idade Média que as Universidades são um palco de luta pelo exercício e a autoridade do poder. A gestão dos então Studium Generale, que vieram dar origem às universidades, desde 1088 que era feita numa relação muito ténue entre o poder eclesiástico e o poder político das monarquias. Também na universidade moderna, que emergiu no século XIX sob apanágio da complementaridade entre ensino e pesquisa científica, as instituições de ensino foram sempre permeáveis ao exercício do poder político e económico. 


Plataforma de movimentos para ganhar Barcelona nas próximas eleições


Está em marcha a criação da plataforma "Guanyem Barcelona" para disputar as próximas eleições em Barcelona. A encabeçar a iniciativa está Ada Colau, uma das fundadoras e, até recentemente, porta-voz do movimento pelo direito à habitação e contra os despejos, a PAH. Hoje foi lançada a sua página web guanyembarcelona.cat. No próximo dia 26 vão apresentar publicamente a candidatura.